tag:blogger.com,1999:blog-37291937546188074692024-03-14T08:35:38.077-07:00história, política, teologia, e afins.Comentários e críticas à historiografia, política brasileira e mundial.Augusto Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/09729513210828719451noreply@blogger.comBlogger7125tag:blogger.com,1999:blog-3729193754618807469.post-50946759606314226662010-10-21T15:07:00.000-07:002010-10-21T15:08:11.836-07:00Martim Lutero: Estudo de "A liberdade de um cristão"<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Lutero fôra tão marcado expoente de seu tempo, e refletira tão fielmente as lutas do século dezesseis, da Igreja, do Estado, e entre ambos, há quem não perceba ter sido o reformador tremenda força individual nesses conflitos, um poderoso moldador da opinião pública, um defensor das liberdades humanas. Homem não só da sua época como de todos os fastos.”</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;">Charles Francis Potter, teólogo e historiador das religiões norte-americano em sua obra “História das Religiões, tomo II”. </div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Os séculos XV e XVI incluem grandiosas mudanças que se perpetuarão pelos séculos seguintes, fazendo esse período se lembrado como época de revoluções em tantos âmbitos, um marco de transição da dita idade media para a modernidade. Várias são as mutações, em áreas diversas do cotidiano das sociedades; a descoberta do Novo Mundo, as pestes, o fim da presença moura na Ibéria, o movimento Humanista, são fatores contribuintes para entendermos tal período como revolucionário. Porém me aterei nesse estudo em uma crucial série de acontecimentos que culminarão com o fim do monopólio da Santa Igreja Católica sobre a cristandade ocidental: a reforma e seu reformista por excelência, Martinho Lutero. Esse personagem é um imprescindível para a compreensão do que foi o medievo submisso ao grande poder da igreja, e o que é o homem que transita dos grilhões da vassalagem medieval para a libertação desses, tanto material quanto espiritualmente. É essa a grandeza de Lutero, o cônego, doutor, teólogo, pregador que busca um cristianismo mais pio e verdadeiro; propões não só uma reforma religiosa, seus postulados são tão obstinados que extrapolam os limites da religião, tão ligada à vida social cotidiana da época. Toda a lógica hierárquica, social, da Europa cristã quinhentista, é colocada em xeque.</div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Proponho-me a analisar a Reforma protestante pela ótica de Martinho Lutero em sua obra “A Liberdade de um Cristão”. Nortearei as análises em seu âmbito teológico e suas conseqüências práticas para as sociedades em que foram introduzidas; a ruptura com a tão tradicional Igreja Católica Romana e o aparecimento de diversas doutrinas, tudo promovido pela liberdade cristã, não a obra, mas seu significado.</div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv2Nz0xr__xKwFXUnLDEH7NFj1wcW-2FmsKTmsLmZ1CoOfHHQ-gG6ZuR4RAycP_igqEMad2KzsSf98ar9MD7QH_dDAXsYvSrcZyHmaRjIoDrgHIcxYx0bNqDhMbxh48f369eyWYXY4ww82/s1600/Martin%2520Luther.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" nx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv2Nz0xr__xKwFXUnLDEH7NFj1wcW-2FmsKTmsLmZ1CoOfHHQ-gG6ZuR4RAycP_igqEMad2KzsSf98ar9MD7QH_dDAXsYvSrcZyHmaRjIoDrgHIcxYx0bNqDhMbxh48f369eyWYXY4ww82/s320/Martin%2520Luther.jpg" style="cursor: move;" unselectable="on" width="303" /></a>O poder foi colocado <personname productid="em questão. Quem" w:st="on">em questão. Quem</personname> detém o poder de ordem no mundo? Para a cristandade ocidental européia a resposta é simples: Deus, representado na terra pela Santa Igreja Católica Romana. Assim, havia então um monopólio de poder, concentrado nas mãos de uma instituição forte e tradicional, a Igreja; com suas raízes já profundas e tendo como cabeça o Papa, então o representante do próprio Deus. Para contrapor a igreja, contrapor a Deus, só havia uma via, a própria Igreja, ou seja, um homem da própria Igreja; Martinho Lutero, então, como homem da Igreja, faz justamente isso. Crítico que era, propõe reformas que culminarão em uma total desavença com sua instituição mãe e o surgimento de um novo cristianismo, uma nova Igreja, a chamada protestante.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Martinho Lutero nasce em <span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="color: windowtext;">Eisleben</span> a <span style="color: windowtext;">10 de novembro</span> de <span style="color: windowtext;">1483</span>,</span><span lang="PT"> </span><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">filho de Hans Luther, homem do campo e dono de minas de cobre, e Margarethe Lindemann. Desde crinaça seu pai, em busca de melhorar as condições da família, envia Lutero à escolas. Após alguns anos de estudos em escolas em Mansfeld e Madegburgo, onde precisa mendigar para conseguir as refeições, ja em Eisennach, onde a mendicancia era mais generosa, atrai a atenção de Frau Cotta, senhora maternal, que o tomou para morar em seu lar. Sua alma se espande, sente-se revigorado e seu labor escolar começa e revelar-lhe incomum habilidade mental.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Após uma melhora dos negócios do pai, em maio de 1501, já com dezessete anos, matricula-se na Universidade de Erfurt. Não se sabe muito de seu períuodo na Universidade, mas prodigiosa foi sua carreira, pois em 1502 cola grau de bacharel <personname productid="em artes. Na" w:st="on">em artes. Na</personname> primavera de 1505 alcança o grau de mestre. Repentinamente, em julho de 1505, Lutero deixa a Universidade para se tornar monge. Acontecimento nunca explicado pelo mesmo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Nos dias de morada com Frau Cotta teve contato com monges, a familia da mesma havia criado um mosteiro, os franciscanos eram companheiros de Lutero nesses dias. Mas a explicação para sua inclinação aos votos monásticos pode residir em sua personalidade, seus anseios, seus medos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quando crinaça, ou mesmo quando jovem, <em>“o pequeno Martim, positivamente, se arreceava do Deus, que lhe era descrito como juiz crual e irado, , um super-lobishomem dos céus, mas, acima de tudo, se apavorava com o Diabo, as feiticeiras e os espíritos malígnos. Até na maturidade, quando não mais temia a Deus, reputando-o ‘poderosa fortaleza, baluarte irredutivel’, Lutero se atemorizava com o Diabo.”</em><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[1]</strong></span></span></span></span></span></a> Além de seu eterno temor, e interesse, pelas coisas espirituais, conta-se que certa vez, durante uma tempestade em 2 de julho de 1505, ao aproximar-se de Erfurt, Lutero, numa especie de crise emocional grita:<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> “Acuda-me, cara Sant’Ana! Tornar-me-ei um monge!”</i>. O fato é que se tornou monge Agosatiniano, em Erfurt, a 17 de julho de 1505.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Como clérigo logo se destaca, e já no outono de 1508 foi destacado para reger as cadeiras de ética e filosofia na Universidade de Wittenberg.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nesses anos é imbuido de um frenesi ascetico e de devoção que logo lhe atribui a reputação de santidade, mas inda não encontrou sua procurada paz de espírito. Numa de suas leituras em sua cela na torre de Wittember, uma passagem o atormenta, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">verso</i> 16 do primeiro capítulo da Epístola aos Romanos de Paulo: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“O justo, porém, vive da fé”. </i>Ai reside o principio filosofico, teológico, e objetivo de seu pensamento. Abandona as penitências e mortificações da carne para refletir sobre a admoestação paulina. Para o historiador Chales F. Potter ali se inicia a Reforma. É pertinente notar que em 1509 recebe o grau de <em>Baccalaureus ad Biblia</em><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[2]</strong></span></span></span></span></span></a>, o que lhe permitia discursar sobre o livro sagrado.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sua </span><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT; mso-fareast-language: JA;">peregrina</span><span style="mso-fareast-language: JA;">ção</span><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"> à Roma em 1511 não logra menos reflexos em sua alma abalada pelo ímpeto de verdade. Existe relatos, presentes em anotações de seu filho, que na cidade Sagrada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pelo sangue de mártires vertido</i>, o monge Lutero, ao tratar de assuntos referentes a ordem dos Agostinianos, vai em visita até uma escada que se atribue ser proveniente da sala do tribunal de Pilatos. Essa, transportada até Roma para que todo peregrino tenha nove anos de indulgência por cada degrau galgado de joelhos rezando; Lutero inicia sua penitencia nos degrais, mas no meio lembrou-se dos versos paulinos na Carta aos Romanos e pondo-se de pé desceu os degrais. Na volta, não menos imporante de se destacar, em Milão, visitou o local onde Santo Ambrósio batizou Santo Agostinho; observou que ali haviam sacerdotes diferentes de todos que ja tinha encontrado. Estes recusavam a vassalagem ao papa, segundo Santo Ambrósio.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Após sua volta, ainda em 1512 é sagrado doutor <personname productid="em Teologia. Após" w:st="on">em Teologia. Após</personname> isso, os anos de 1512 à 1517 são cinco anos de arduo trabalho empregado em estudos, conferências, pregações, fazendo do jovem doutor um célebre cônego de grande reputação.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No mesmo ano de 1517, angariando fundos para completar a obra da Igreja de S. Pedro, em Roma, um monge de nome Tetzel vende indulgências em nome do Papa nas redondezas de Wittenberg. Com incanssáveis sermões Lutero lança seu protesto contra essas prática, mas sem conseguir o êxito pensado. No dia 31 de outubro do mesmo ano, Lutero, lançando mão de uma prática corrente da época, pregar panfletos nas portas das igrejas, é revolucionário no tocante ao conteúdo do panfleto: são 95 teses, críticas à Igreja, sua hierarquia e ao próprio Papa. São crpiticas com conteúdoácido, atacando pessoalmente a fugura papal em alguns casos. Dentre as teses se destacam algumas, cito aqui as de número 36 e 82.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">“36. Todo cristão verdadeiramente arrependido, tem plena remissão de culpa e penitência, mesmo sem as cartas de absolvição.</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">(...)</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">82. Por que o Papa não esvazia o purgatório pela caridade?”</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A partir das 95 teses são engendrados diversos acontecimentos que não cabe a este breve trabalho abranger , apenas cita-los a medide de sua importância para observação de seu foco; o intuito aqui é debrucar-se em entender as revoluções teológicas e as consequencias sociais oriundas de tais revoluções. Dentre as garndes obras de Lutero em sua luta e protesto contra a Igreja, seus dogmas e diretrizes, é pertinente a análise da “A Liberdade de um Cristão”, obra publicada em novembro de 1520; ao mesmo tempo Lutero redije uma carta ao Papa Leão X, carta essa que não chegou a ser enviada. Os dois documentos podem ser corroboradores da tese de que apesar de querer, a princípio, uma reforma interna na Igreja Católica, o agostiniano não reduz suas idéias frente ao grande poder da Igreja. Escreve textos que em alguns momentos soam gnósticos, em outros revolucionário; textos como “A Liberdade de um Cristão”, ou sua carta ao Papa, onde Lutero <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“(...)now wrote him as an equal, offered him advices as though he were the papal father confessor, and expressed his evangelical views without a sing of retraction.” </i><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[3]</strong></span></span></span></span></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>Lutero não só escreve sobre a liberdade do cristão, mas a aplica em sua própria experiência, tratando a alta hierarquia eclesiástica com igual, oferecendo seus conselhos, críticas, até mesmo admoestando como um confessor.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“A Liberdade de um Cristão” está presente um lutero cheio de vigor para enfrentar as ordas eclesiásticas com toda sua força, até mesmo com sua vida se necessário. Afirma sua vontade de recriar as estruturas de poder da Igreja e moldar nas mentes uma nova idéia de salvação, a salvação pela fé, a justificação <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sola fide</i>, somente pela fé, assim como na revelação na Epístola aos Romanos de Paulo. A justificação como processo gradativo de erradicação dos pecados, tradicional idéia cristã Católica, é substituida em Lutero, já em seu sermão <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Duas espécies de Justiça”</i>, por uma justificação como consequência imediata da fé que se apreende. Diz Lutero que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“a presença redentora de Cristo traga todos os pecados num só instante”.</i> O que se segue gradualmente é o processo de santificação.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><em><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">“(...) na ‘Liberdade de um Cristão’, de 1520 [a obra] assume a forma de uma forte antítese entre as mensagens do Velho e do Novo Testamento, de uma atítese entre mandamentos divinos de cumprimento impossível e suas promessas de redenção. O propósito do Velho Testamento, diz-nos agora Lutero, consiste em ‘ensinar o homem a conhecer-se’, de modo que ‘possa ele reconhecer sua incapacidade de praticar o bem e possa desesperar-se ante essa incapacidade’ – chegando a um desespero análogo ao que o próprio Lutero sentira, de forma tão aguda. Essa é ‘a estranha obra da Lei’. Já o Novo Testamento, em contraste, tem por propósito reconfortar-nos que, embora não tenhamos capacidade de atingir a salvação ‘</span>tentando</em><span><em> cumprir todas as obras da Lei’, podemos, porém, atingi-la ‘rápida e facilmente por meio da fé’”</em><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[4]</strong></span></span></span></span></span></a></span><strong><br />
</strong></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><strong><br />
</strong></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em Lutero e sua obra focalizada é presente um lampejo da bandeira de liberdade religiosa. Alguns trechos são uma ode ao fim da vassalagem a qual a sociedade era submetida pela outorga de uma legitimada soberania dos clérigos, supostamente legitimada pelo próprio Deus. Essa liberdade muitas vezes extravasa os limites da religião alcanlçando significado prático na vida social. Afirma ainda Lutero que todos são perfeitos senhores de si, uma afronta á logica de vassalagem socialmente instituida no período.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">“A Christian is a perfectly free lord of all, subject to none.</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><span><em>A Christian is a perfectly dutiful servant of all, subject to all</em>.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[5]</strong></span></span></span></span></span></a></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><strong><br />
</strong></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span>Seus escritos são categóricos ao afirmar a filosofia paulina como o correto caminho para seguir a cristo, e a cristandade européia deve observá-lo. O poder para de recair sobre o fiel e passa a ser do próprio fiel. É ele, o fiel, e não mais uma instituição, ou um clérigo investido de um manto episcopal, quem tem o poder de se salvar, se perdoar; tudo isso, pela graça divina. Não há lei divina alguma instituindo um poder à Igreja Católica sobre a cristandade. A lei reside em amar uns aos outros. E Lutero se apropria de Paulo <personname productid="em sua Epistola" w:st="on">em sua Epistola</personname> aos Romanos<i style="mso-bidi-font-style: normal;">: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros, pois quem ama ao próximo cumpriu a lei.” </i><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[6]</strong></span></span></span></span></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><strong><br />
</strong></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Lutero a priori é compromissado em repudiar a idéia segundo a qual a Igreja possui poderes de jurisdição, poderes para regular a vida dos cristãos. É contrário a idéia da Igreja fazer o papel que cabe ao Estado. Não chega ao ponto de laicizar o Estado, mas é categórico em defender sua autonomia, e seu papel enquanto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">assegurador da paz civil entre os pecadores</i>.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Suas idéias são fortes e perpetrarão durante muito tempo. As reformas se dão; enraizadas, com suas devidas singularidades de região para região, confluem sempre para o cerne revolucionário proposto por Martinho Lutero, essa mudança teológica e social no cotidiano da cristandade. Um novo tipo de prática cristã – até então desconhecida, ou em outras ocasiões atribuías à Igreja primitiva do tempo dos apóstolos – erige desse movimento.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Como humanista, aquele com uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“percepción directa de su próprio mundo”</i><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[7]</strong></span></span></span></span></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>, fica na história suas idéias de mudança na constituição medieval de sociedade. Essa subordinação cega aos dogmas eclesiásticos outorgados pela Igreja Católica Romana de sues fiéis, sejam indivíduos ou mesmo Reinos e Estados, tem seus dias contados a partir de então. Percebendo as incoerências entre O livro, a Bíblia, e as práticas, o monge Lutero propôs uma reforma que, como foi visto, logo se mostrou uma grandiosa revolução.</div><div style="mso-element: footnote-list;"><br clear="all" /></div><div style="mso-element: footnote-list;"><hr align="left" size="1" width="33%" /></div><div id="ftn1" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[1]</strong></span></span></span></span></span></a> POTTER, Charles Francis. Historia das Religiões, Ed. Universitária, 1944.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>p. 374</div><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn2" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[2]</strong></span></span></span></span></span></a> Do latim, Bacharel em Bíblia.</div><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn3" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[3]</strong></span></span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> LUTHER, Martin. Christian Liberty. Fortress Press, 1957.</span></div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn4" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[4]</strong></span></span></span></span></span></a> SKINNER, Quentin. As fundações do pensamento político moderno. Cia. Das Letras, 2006. p. 291.</div><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn5" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[5]</strong></span></span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> LUTHER, Martin. Christian Liberty. </span><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Fortress Press, 1957.</span></div><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn6" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[6]</strong></span></span></span></span></span></a> Bíblia Sagrada, Epístola aos Romanos. Cap. 13 vers. 8.</div><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div class="MsoFootnoteText" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-element: footnote; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: #002bb8;"><strong>[7]</strong></span></span></span></span></span></a> ROMANO, Ruggerio; TENENTI, Alberto. <span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">Los Fundamentos del Mundo Moderno. Madrid: Siglo XXI, 1972.</span></div><img height="96" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv2Nz0xr__xKwFXUnLDEH7NFj1wcW-2FmsKTmsLmZ1CoOfHHQ-gG6ZuR4RAycP_igqEMad2KzsSf98ar9MD7QH_dDAXsYvSrcZyHmaRjIoDrgHIcxYx0bNqDhMbxh48f369eyWYXY4ww82/s320/Martin%2520Luther.jpg" style="filter: alpha(opacity=30); left: 235px; mozopacity: 0.3; opacity: 0.3; position: absolute; top: 696px; visibility: hidden;" width="91" />Augusto Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/09729513210828719451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3729193754618807469.post-40801392086830384652010-10-20T16:05:00.000-07:002010-10-20T16:05:30.861-07:00Os serviços de inteligência no Brasil<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhovt_CpWijp9HVBdzqi9XzcmZoCK0PJu3wYx0iO_HYcdCy9bm8qLu25dpTxdrnbMrCe3yW66C71NZnEPB0pzVbUJ4b-K4YxbJUVlXRrXcz5vkKgYIw0fD_ka4wKOCqeGD2Kix6w3f6jxvE/s1600/ditadura-militar-1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" ex="true" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhovt_CpWijp9HVBdzqi9XzcmZoCK0PJu3wYx0iO_HYcdCy9bm8qLu25dpTxdrnbMrCe3yW66C71NZnEPB0pzVbUJ4b-K4YxbJUVlXRrXcz5vkKgYIw0fD_ka4wKOCqeGD2Kix6w3f6jxvE/s320/ditadura-militar-1.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Generais-Presidentes forjam ditadura<br />
com bases nos serviços de inteligência</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Me engajo aqui em explorar as formas que os serviços de informação atuaram no período da ditadura militar nas décadas de 1960 e 1970; no momento e no decorrer do movimento engendrado a partir do Golpe de 1964. Para tanto entendo que é preciso recuar até a década de 1920 e entender os motivos da instalação desse tipo de serviço na esfera do governo e seus desdobramentos na história brasileira.</div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"> </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Na década de 1920 devido a conturbada situação social, agitações operárias, movimento dos tenentes, “pela segurança da Pátria”, é institucionalizada por essa demanda um esboço de serviço de inteligência, o Conselho de Defesa Nacional, para supervisionar e abastecer as instancias competentes do Estado com informações entendidas como pertinentes para o governo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Algum tempo passado, após a regularização da situação de Getulio Vargas no poder varias instancias de inteligência do governo foram se ajustando até concentrarem no Conselho Superior de Segurança Nacional (CSSN). Com o advento do Estado Novo, em 1937, o Presidente Vargas decreta uma nova Constituição Federal que, em seu artigo 165 responsabilizava o Conselho de Segurança Nacional (CSN) pela coordenação dos estudos relacionados com a segurança.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Depois de Vargas e seu Estado Novo, num contexto de Guerra Fria, alguns órgãos antes instituídos com caráter provisório, devido a II Grande Guerra, são institucionalizados de forma permanente, como no caso dos serviços de inteligência, a época, o CSN. A Guerra ideológica, o anticomunismo, eram máximas das quais os governos alinhados não podiam fugir, por isso a necessidade de um órgão anti-subversivo. Em 1946, o então Presidente Dutra, a 6 de novembro decreta a lei nº 9.775-A divide sua secretaria em três seções. A segunda seção, o que viria a ser uma tradição, encarregou-se de coordenar os serviços de informação e contra-informação. A responsabilidade coube ao Sfici, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">organismo componente da estrutura do Conselho de Segurança Nacional que passaria a ter o encargo de tratar das informações no Brasil</i>.” ( Decreto-lei nº 9.775-A, de 6 de setembro de 1946).</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">No ato do Golpe Militar de <metricconverter productid="1964, a" w:st="on">1964, a</metricconverter> 1 de abril do mesmo ano, a instituição encarregada do serviço de informação era o Sfici. Para o coronel Ary Pires, no inicio dos anos de <metricconverter productid="1960 a" w:st="on">1960 a</metricconverter> segunda seção do CSN estava bem consolidada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“(...) estruturado nos moldes dos congêneres de países mais experimentados e em condições de atender aos múltiplos e variados aspectos da realidade brasileira, já apresenta um acervo de trabalho dos mais fecundos e eficientes propiciando elementos essenciais às decisões do governo (...)”. </i>(OLIVEIRA, Lúcio Sérgio Porto. A história da Atividade de Inteligência no Brasil. Brasília: Abin, 1999). Em contraponto ao coronel Ary Pires, o general Tinoco, que participou da ocupação do Sfici em 1964, desacredita nas afirmações do Coronel. Para ele a instituição não era sustentável, e baseava seus estudos em “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">função de recortes de jorna</i>l”. (Carlos Alberto Tinoco, em entrevista ao Cpdoc, 1998).</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"> </div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidI-yuUJDloyDiAV8M-E7_RskrVh2PIv1h2Jfv40bJPmsa-YwHUuR77BVUa_62rIG6ZYUyds75eTHQN6sw-q355CXrBIFBm2oujd9tMVdjzzUClYnEcKlyo0LDhbu4DRHmExhyphenhyphenRKGYUF43/s1600/homem_caido" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" ex="true" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidI-yuUJDloyDiAV8M-E7_RskrVh2PIv1h2Jfv40bJPmsa-YwHUuR77BVUa_62rIG6ZYUyds75eTHQN6sw-q355CXrBIFBm2oujd9tMVdjzzUClYnEcKlyo0LDhbu4DRHmExhyphenhyphenRKGYUF43/s320/homem_caido" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estudante é perseguido nas ruas do Rio de Janeiro, 1968</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Na altura do Golpe, em 1964, o Sfici estava sob a direção de um oficial da marinha, o capitão-de-mar-e-gerra Ivo Corseuil; legalista, apoiava as reformas e o Governo do Presidente Goulart. Para esse ator político de primeiro plano do período, a agencia a qual servia estava sem recursos. Mas nem por isso deixou de averiguar a realidade e a estudar bons conselhos para o Governo. A questão era que o Presidente muitas vezes preferia opiniões pessoais às dadas pelo Sfici. Para Corseuil, de erros como a nomeação do general Galhardo para o comando do III Exército, viria a fraqueza de sustentação militar do Presidente, fraqueza esta que em grande medida contribuiu para uma falta de embate ao movimento golpista dos militares insurgentes. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Goulart </i>[na ocasião da nomeação de um comandante para o III Exército, o mesmo que veio a se rebelar contra o governo]<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> preferiu a opinião do ministro da Guerra, general Jair Dantas Ribeiro, contra o parecer unânime dos oficiais do CSN.”</i> (CARVALHO, José Murilo de. Forças Armadas e Política no Brasil. Jorge ZAHAR editor, 2005).</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Deu-se o Golpe, os militares assumem o poder, e logo nos primeiros meses após o 1º de abril, com o dever de “assegurar a estabilidade da revolução”, o Governo do então General Presidente Castelo Branco, a 13 de junho de 1964, cria o Serviço Nacional de Inteligência, o SNI, órgão que viria ser o baluarte do controle exercido pelas Forças Armadas à sociedade. A lei que criava o SNI indicava que o órgão tinha como prioridades:</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(...)subsidiar o presidente da República na orientação e coordenação das atividades de informação e contra-informações; estabelecer e assegurar os necessários entendimentos e ligações com os governos de estados, com entidades privadas e quando for o caso com as administrações municipais; proceder à coleta, avaliação, integração das informações em proveito das decisões do presidente da República e dos estudos do CSN; promover a difusão adequada das informações.</i>”<i style="mso-bidi-font-style: normal;"></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Incorporando todo o acervo e pessoal do Sfici, passou a ser o principal setor da atividade de informação no país. E viria a ser o principal em relação às outras segundas seções das secretarias das Forças Armadas.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Para tanto era preciso criar uma estrutura de formação de especialistas para abastecer esse mercado <personname productid="em ascens ̄o. A" w:st="on">em ascensão. A</personname> 31 de março de 1971 foi criada a Escola Nacional de Informação (Esni). Sediada em Brasília, era o centro de formação de especialistas em inteligência para abastecer de pessoal capacitado todas as outras corporações do setor. A escola tem sua estrutura teórica e prática calcada na experiência de seu dirigente, o general Ênio, em cursos de especialização na CIA (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Central Intelligence Angency</i>) e no FBI (<span class="MsoHyperlink"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman"; text-decoration: none; text-underline: none;"><u>Federal Bureau of Investigation</u></span></i></span>), ambas as agências estadunidenses que tratam de Informação e contra-informação.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A Esni, entre sua fundação e o final da década de 1970 formava cerca de 120 agentes por ano, sendo que destes ¾ foram civis. Números que corroboram para a tese de que a sociedade civil de certa forma não esteve totalmente distante da realidade militarista do Regime instituído no golpe de 1964 e se aprofundou após os idos do ano de 1968, com o AI-5 e seus desdobramentos.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Outros centros de informação e contra-informação foram institucionalizados dentro das Forças Armadas. Aos poucos ia se conformando a estrutura que atribuiu tanto poder de controle social ao regime militar.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Em novembro de 1957 é criado o Centro de Informações da Marinha (Cenimar). Até 1968, quando se deu uma reforma em seus estatutos e atribuições pelo decreto lei n° 62.860, de 18 de junho do mesmo ano, o Cenimar tratava de questões relacionadas à diplomacia, controle de fronteiras e do pessoal da corporação; após 1968 é atribuída a Cenimar a responsabilidade de garantir os poderes constituídos, a lei e a ordem, através do emprego do poder marítimo. Com tais deveres, durante o regime, o Cenimar angariou a alcunha de órgão mais eficiente daqueles dos setores de informação das Forças Armadas. Seus oficiais eram grandes especialistas nas varias esquerdas brasileiras; se especializou no PCB, onde se infiltraram cerca de quatro oficiais. Devido ao grande prestigio, após os serviços prestados para o Cenimar, os especialistas eram encaminhados para o SNI.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKvMT5nUsjEr4APYSUibTSJ9Wub0fc1MpRo_TtVWF7vJDA_-wVpqNI2-8urXJT4KMCbBYJaFM_Q3tOu9NZLddRIObMFQarRQQSW_wxJgvt7Qd0EcbLR1rjVcsETuoKFJsG84uIXvhySlmJ/s1600/ai5.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" ex="true" height="183" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKvMT5nUsjEr4APYSUibTSJ9Wub0fc1MpRo_TtVWF7vJDA_-wVpqNI2-8urXJT4KMCbBYJaFM_Q3tOu9NZLddRIObMFQarRQQSW_wxJgvt7Qd0EcbLR1rjVcsETuoKFJsG84uIXvhySlmJ/s320/ai5.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jornal faz menção à Ato Institucional nº 5</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A Aeronáutica também tratou de criar sua segunda seção já durante o regime. Em julho de 1968 o Núcleo de Serviço de Informações de Segurança da Aeronáutica (N-Sisa) aparece com uma doutrina essencialmente anti-comunista. Seu diretor fundador, o Brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, um “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">oficial mais radical do que a média</i>” (Sócrates Monteiro, em entrevista ao Cpdoc, 1995), estudou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Intelligence </i>na Escola de Inteligência Militar <personname productid="em Fort Gullick" w:st="on">em Fort Gullick</personname>, Panamá, na cidade de Balboa; Escola essa que recebeu muitos Latino Americanos formando-os em doutrina de combate ao comunismo internacional e nacional. O N-Sisa é forjado aos moldes do Cenimar e do Centro de Informações do Exército (CIE). Em 1970 é reformado e aparece com o nome de Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica (Cisa), subordinado ao Ministério da Aeronáutica.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Finalmente analisaremos os mais ativos serviços de informação; aqueles que em nome do Estado infiltraram-se na sociedade angariando mais do que informações, mas um controle da mesma em vários âmbitos. Criado a 2 de maio de 1967 pelo decreto lei nº 60.664 em função do combate à subversão - a priori não pretendia interferir em outras questões - o Centro de Informações do Exército (CIE). É o organismo de informação com o maior número de pessoal e o que mais se empenhou no combate à luta armada do final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970. De acordo com o general Fiúza, primeiro chefe do CIE, foi formado essencialmente pelo antigo pessoal da segunda seção do Estado Maior do Exército (EME).</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Ainda Dentro das instâncias do exército existiam dois setores que diziam respeito a segurança interna, os Destacamentos [destacamentos porque não possuíam estrutura detalhada e organização fixa] de Operações Internas (DOIs) e os Centros de Operações e Defesa Interna (Codis). Sob a direção do Ministro do Exército operavam em conjunto com as polícias Federais e Estaduais; os Codis e DOIs conduziam todas as questões relativas à repressão.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Os Codis eram os que tratavam da luta armada. Subordinados ao EME e não ao CIE, funcionavam com membros das três Forças Armadas. Os DOIs eram relativamente subordinados aos Codis, pois mantiveram um alto grau de autonomia, eram seus braços operacionais. Seu pessoal não andava fardado, usavam viaturas frias, normalmente carros apreendidos, e possuíam instalações próprias. Foram os encarregados das prisões e dos Interrogatórios, sendo que alguns agentes haviam feito cursos no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Secret Intelligence Service</i> (SIS), na Inglaterra. O general Fiúza diz sobre o DOI:</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O DOI pega, guarda e interroga (...) Na captura, em geral, os chefes das diferentes turmas são tenentes, capitães, e a turma é constituída de sargentos. (...) O pessoal da captura não é o mesmo do interrogatório. (...) As informações eram repassadas à segunda seção do EME, onde <metricconverter productid="10 a" w:st="on">10 a</metricconverter> 15 oficiais especialistas trabalhavam nisto. (...) No interrogatório, o interrogador tinha que ser um homem calmo, frio, inteligente e firme. (...) Havia sempre um superior lhe monitorando. (...) Quem caía ia para a planilha. (...) As pessoas podiam ficar 30 dias presas, sendo 10 dias de incomunicabilidade.</i>”<i style="mso-bidi-font-style: normal;"></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Já em 1968, com o AI-5, é oficializado o engajamento do governo e das Forças Armadas no combate à subversão. E então, num plano engenhoso, em 1970 todas as instâncias dos serviços de inteligência, informação, contra-informação, foram unidas pelo então General Presidente Médici num plano de diálogo e melhor funcionamento dos serviços chamado Sistema Nacional de Segurança Interna (Sissegint). Dando amparo jurídico à participação das inteligências das Forças Armadas, principalmente do SNI, da segunda seção do EME, dos DOIs e Codis, aqueles que “colocaram a mão na massa” no combate à subversão, resultando na série de atrocidades e excessos cometidos pelo regime.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">É um aparato gigantesco, de amplo alcance, o forjado pelos dirigentes do Regime Militar brasileiro nos anos de 1970. Regulam todas as instancias do cotidiano. Os agentes além de se infiltrarem nos âmbitos políticos, como nas agremiações do PCB, no próprio MDB; adentram as esferas pessoais, religiosas, como a Igreja Católica, devido à atividade subversiva de seus bispos dom Hélder Câmara e dom Pedro Maria Casaldáliga; além de prender, torturar, extirpar informações a força; controlam não só as informações que são dadas, mas em muitos casos são os que regulam a produção, ou até mesmo produzem a informação para o público brasileiro. Alguns jornais de grande tiragem como o Folha da Manhã, o Folha da Tarde, eram em grande medida supervisionados, e tinham ate mesmo em seu corpo jornalístico agentes especiais. O Folha da Tarde “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(...) era tido como ‘o de maior tiragem’, devido ao grande número de policiais que compunham sua redação no pós-AI-5. Muitos também a conheciam, por isso, como ‘a delegacia’.</i>” (KUSHNIR, Beatriz. Cães de guarda: entre jornalistas e censores. In: O golpe e a ditadura militar quarenta anos depois (1964-2004). Org. AARÃO REIS, Daniel, RIDENTI, Marcelo, MOTTA, Rodrigo Patto Sá. 2004)</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Como visto, todas as instâncias da sociedade sofreram investigação, influencia, ou conseqüências das práticas dos serviços de inteligência brasileiros no Regime Militar. Era grande sua esfera de poder e influencia, mas não se pode notar que grande parte do malefício, gerador do estigma de repressor que o regime angariou, veio do trabalho destes.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(...) houve toda aquela distorção conhecida da penetração do sistema [...] o que era inicialmente programado para fazer uma coleta de informações, análise de informações e produção de uma informação legitimada final se tornou intensa atividade operacional na busca ou participação dos eventos.</i>” (Sócrates Monteiro, em entrevista ao Cpdoc, 1995).<i style="mso-bidi-font-style: normal;"></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Inicialmente com o intuito de observador social, as agencias de inteligência se tornaram agentes ativos, direcionando o regime; debelando movimentos entendidos como insurgentes, conformando o sistema a mando das autoridades das Forças Armadas, que no período se confundia com próprio governo, o Estado brasileiro.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><strong>Para saber mais:</strong></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">ANTUNES, <strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Priscila</span></strong> Carlos Brandão. <strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">SNI</span></strong> & ABIN: uma leitura da atuação dos serviços secretos brasileiros ao longo do século XX. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2002.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">CARVALHO, José Murilo de. Forças Armadas e Política no Brasil. Jorge ZAHAR editor, 2005. </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">KUSHNIR, Beatriz. Cães de guarda: entre jornalistas e censores. In: O golpe e a ditadura militar quarenta anos depois (1964-2004). Org. AARÃO REIS, Daniel, RIDENTI, Marcelo, MOTTA, Rodrigo Patto Sá. 2004<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial;"></span></b></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">MOTTA, Rodrigo Patto Sá. O Ofício das Sombras. In: Revista do Arquivo Público Mineiro, Ano XLII, nº 1, Janeiro-Junho, 2006.</div>Augusto Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/09729513210828719451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3729193754618807469.post-3462425897624892142010-10-20T12:55:00.000-07:002010-10-20T15:45:17.635-07:00A consciência histórica ocidental - esboço<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">A consciência histórica, a percepção existencial da história e sua conseqüente reflexão, é algo tão complexo quanto a vivencia humana. É disso, portanto, que será tratado nas linhas seguintes.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaD-ab10LuKVAiLUdEukKcWLbTXeXHDYrwaVx7j2Qd7Vax0XHkK2bmSzjTUHQ2ZagEOyTl2SphNVQQSPl23FKfKulX097vp9tc1Im4tBYGtL836dMRaAxpW6Bt0vAoRy1ocRJDjtl5Vr7K/s1600/hegel.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" ex="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaD-ab10LuKVAiLUdEukKcWLbTXeXHDYrwaVx7j2Qd7Vax0XHkK2bmSzjTUHQ2ZagEOyTl2SphNVQQSPl23FKfKulX097vp9tc1Im4tBYGtL836dMRaAxpW6Bt0vAoRy1ocRJDjtl5Vr7K/s320/hegel.jpg" width="247" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Georg Wilhelm Friedrich Hegel</td></tr>
</tbody></table><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Diversos filósofos se encarregaram de pensar e repensar as possibilidades de operação e percepção da história, sua utilidade, relevância, objetividade, seu caráter científico ou artístico; em suma, tentavam definir quem ou o que é a história. Uma tarefa difícil, mas aceita por alguns. Foram inúmeros os que dissertaram sobre o assunto. Para um estudo da consciência histórica - ou da auto-percepção - do ocidente, escolho três autores, ao meu ver, essenciais: F. G. Hegel, F. Nietzsche, e P. Ricoeur.</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Para uma introdução ao problema da consciência histórica, colocamos a questão de como ela é constituída. Para um dos nossos autores destacados, o filósofo Paul Ricoeur, a boa articulação e percepção da história é fruto de uma “mediação aberta, inacabada, imperfeita, a saber, uma trama de perspectivas cruzadas entre a expectativa do futuro, a recepção do passado, a vivencia do presente, sem Aufhebung numa totalidade em que a razão da história e sua efetividade coincidam” <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span></span></span></a>; ou seja, a articulação, em um presente determinado, entre espaço-da-experiência com o horizonte-de-expectativa.<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span></span></span></a> Entendamos melhor esses dois termos.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Reinhart Koselleck, historiador alemão, trás à luz um esclarecedor entendimento de experiência e expectativa, ambos necessários para discernir corretamente os significados de suas categorias históricas, definidoras de seu entendimento sobre a história. Primeiramente a experiência:</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;">“Na experiência se fundem tanto a elaboração racional quanto as formas inconscientes de comportamento, que não estão mais, ou que não precisam mais estar presentes no conhecimento.Além disso, na experiência de cada um, transmitida por gerações e instituições, sempre está contida e é conservada uma experiência alheia.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></span></span></span></a></div><div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">Agora, a expectativa:</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt 4cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">“(...) a expectativa se realiza no hoje, é futuro presente, voltado para o ainda-não, para o não experimentado, para o que apenas pode ser previsto. Esperança e medo, desejo e vontade, a inquietude, mas também a análise racional, a visão receptiva ou a curiosidade fazem parte da expectativa e a constituem.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></span></span></span></a></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">São então a experiência e a expectativa os feitores da consciência de estar-no-tempo. A partir disso, a articulação da experiência desconfigurada é que define o que é o presente, e, é nesse presente onde se trama o passado e espera-se o futuro. Essa é a articulação que define o que foi a experiência passada, a experiência presente e o que será no futuro, a expectativa. É preciso, pois, definir as questões do tempo agora postas.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Na história, o tempo exerce um papel central. É ele o objeto do historiador, o passado. As aporias do tempo de Sto. Agostinho nos esclarecem bastante acerca do tema; especialmente no livro XI das “Confissões”. Agostinho nos relata as suas indagações sobre o tempo e expõe suas conclusões. Grosso modo, o tempo é um só: o presente, o que vivemos, ou, como diria Ricoeur, a experiência vivida. Nele, no presente, estão contidos todos outros “tempos”, o passado e o futuro. Temos então um presente do passado, um presente do presente, e um presente do futuro. É a tese do tríplice presente.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Porque é importante retomarmos as questões do tempo nesse momento? Para esclarecer que o espaço-da-experiência é o presente do presente e o presente do passado, enquanto o horizonte-de-expectativa é o presente do futuro. Assim, entendemos melhor as categorias de Koselleck. Para esse, e também para Ricoeur, a articulação é total no presente. Presente confuso e multiforme; de difícil, mas não impossível conformação. O entendimento do tempo é de importância crucial para o entendimento das categorias de Koselleck. A articulação do passado no presente, dos vestígios “que se conservaram até hoje, e que em maior ou menos número chegaram até nós” <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span></span></span></a>, é uma instrumentalização consciente do tempo – do objeto da história, o passado.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> Para o filósofo alemão Hans-Georg Gadamer, em sua obra “o Problema da Consciência Histórica”, essa forma consciente de se fazer história é a ambição sempre posta e buscada por filósofos e historiadores que começaram a se colocar essa questão já no séc. XIX. Gadamer enxerga a consciência histórica como sempre presente, mesmo implicitamente, nas discussões historiográficas e filosóficas; é “ao mesmo tempo, saber histórico e ser histórico” <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></span></span></span></a>; é a noção de história que temos em um certo momento do tempo; ela tem sua historicidade, tem suas variações.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> Somos hoje, ainda, “imprudentes em entender a produção historiográfica de [nosso] tempo como a melhor, porque é a que tem a melhor justiça” <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></span></span></span></a>, disse Nietzsche. “Entendemos por consciência histórica o privilégio do homem moderno de ter plena consciência da historicidade de todo presente e da relatividade de toda opinião” <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></span></span></span></a>, dis Gadamer, corroborando para a admoestação nietzcheana.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGXIlXbEqFMSXfVpge0iI2-HVZNZe1WNI6EY76TF2eNK9MqsUAHaBomLir_FB7qtPE5DngJeZi3wNuq8GEtdjsp14PrFOie25zjtrVwNpa8WMjoR0nRMjh7thQttgcMV8fF8Lq_rgxI2dv/s1600/nietzsche2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" ex="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGXIlXbEqFMSXfVpge0iI2-HVZNZe1WNI6EY76TF2eNK9MqsUAHaBomLir_FB7qtPE5DngJeZi3wNuq8GEtdjsp14PrFOie25zjtrVwNpa8WMjoR0nRMjh7thQttgcMV8fF8Lq_rgxI2dv/s320/nietzsche2.jpg" width="315" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Friedrich Wilhelm Nietzsche</td></tr>
</tbody></table><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"> É esse um sintoma atual das ciências humanas, a relativização, a falta de uma verdade, e o aparecimento de várias. Mas esse relativismo e aceitação de diversas formas de pensar, a não busca de um ponto único de pensamento, é a nossa consciência, a nossa verdade.</div></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> A consciência moderna, essencialmente histórica, assume “uma posição reflexiva com relação a tudo que lhe é transmitido pela tradição” <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[9]</span></span></span></span></a>. Os modernos, segundo Gadamer, põem às ciências humanas, em especial à história, um problema <i>de</i> filosofia. Essa reflexão sobre o fazer histórico, sobre o pensar o passado, sobre o estar-no-tempo, antes e no porvir. São reflexões árduas que fizeram da história um pântano difícil de caminhar durante seu processo de definição como matéria científica.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> Gadamer em todo seu texto se aproxima de Ricoeur, seja em sua teoria sobre a compreensão do passado - mediação entre passado e presente em um círculo hermenêutico -, ou enxergando a consciência histórica como “a via que nos foi dada para chegarmos à verdade sempre buscada” <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[10]</span></span></span></span></a>. A percepção do ser-no-tempo é o triunfo da consciência da realidade. É a eficiência da história que se refigura a partir de seu tempo, sua experiência própria, na qual o ser-no-tempo é agente consciente do processo em que está inserido. Em toda obra, Gadamer e Ricoeur não dialogam explicitamente, mas são parceiros em termos de visão filosófica sobre o tempo histórico.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> Distanciando um pouco das reflexões mais atuais sobre o tema, irei retomar alguns pensadores para ilustrar as principais propostas realizadas ao mundo ocidental. Esses projetos foram definidores de muitos outros, colaboradores em grande medida para a conformação do ocidente europeizado; projetos de um mundo judaico-cristão, ou, das subversões criadoras do seu avesso. Destrincharei e tentarei deixar mais claras tais idéias, a seguir.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> Hegel é um defensor de uma História-Verdade, aquela detentora de poder e glória, onde reside o grande homem histórico, o herói. Esses ditos homens históricos, os heróis de Hegel, “são aqueles que apreendem uma proposição universal [do Espírito do Mundo], fazem-na seu objetivo e realizam esse objetivo em conformidade com a lei mais elevada do espírito”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[11]</span></span></span></span></a>. É um ardoroso cristão, e, dessa formação, não escapará sua filosofia. O mundo de Hegel é governado pela razão, razão essa que governa tudo de forma lógica; universal e perfeita, encarnada no espírito da História.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> O tempo para Hegel é o futuro. O passado é para ser lembrado, e observado apenas; o presente é guiado pelo “espírito”, pela História, que se confunde com o próprio Deus. Cabe então ao historiador, consciente disso, “aprender a conhecer o espírito, sua vontade racional necessária, em sua unção orientadora” <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[12]</span></span></span></span></a>. Assim, conformar-se da melhor forma na lógica que o Espírito outorga. Essa é a única forma de estar-no-tempo consciente, na história hegeliana. Tudo conflui para a concretização e realização da razão. O espaço-da-experiência é determinado pela razão; o horizonte-de-expectativa é guiado pelo Espírito; logo, não há problema de consciência histórica - o ser deve apenas saber dessa lógica e se sentir livre - e sim, um problema de ação na história, que perde seu caráter humano.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> F. Nietzsche é avesso a História-Verdade de Hegel. Pensa ele ser uma definição voltada para um universal definidor de um grande homem histórico, um herói, o qual apreende o Espírito e faz de si instrumento realizador da razão, ou vontade de Deus. Para Nietzsche esse destino-guia é a religião dos fracos. Ele é um defensor do homem e sua natureza; a história, entendida como tradição, não oferece mais do que um peso, uma culpa a ser carregada. O homem nietzscheano deve se ver livre de tal peso, e viver sua natureza, entendida como a totalidade do seu potencial no presente.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> O homem moderno, de fins do séc. XIX, “prepara constantemente a festa de uma exposição universal através de seus artistas históricos” <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn13" name="_ftnref13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[13]</span></span></span></span></a>, diz Nietzsche. Ele é um fervoroso combatente dessa “festa” do progresso, acreditando ser mais uma “festa” do vil homem moderno, preso às tradições, carregado de impulsos contidos, cheios de vontade de potência malogrados; cenário esse imposto pela maior das tradições sedimentadas no mundo ocidental, o cristianismo.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> Esse querer moral, de livrar o homem de seus grilhões da tradição, requer uma revolução no pensar histórico que faria do espaço-da-experiência a sua vivência única. Não devemos nada ao passado, porque “aquele que pede conselho a história é pusilânime”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn14" name="_ftnref14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[14]</span></span></span></span></a>; a história<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>deve servir a vida, não nos aprisionar nela. Em Nietzche, não adentraremos à <em>paruzia</em><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn15" name="_ftnref15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[15]</span></span></span></span></a> num futuro conhecido.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> Nietzsche vê o excesso de história de seu tempo como uma doença que aprisiona os homens em uma observação demasiada obsessiva da cultura, em detrimento do “experimentar a vida”. O homem deve aprender a ser livre. Ser livre para Nietzsche não é seguir a Marcha da História alocando-se da melhor forma em seus padrões pré-determinados pelo destino, mas sim liberar sua vontade de potência, seu ser real, desprovido de construções culturais limitadoras, do peso do passado. É a “reivindicação do a-histórico” <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn16" name="_ftnref16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[16]</span></span></span></span></a>.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCDLbEJbPVJQEoSBd6Q8L9ELYyZ2Kh1LC5Mz7EumM2VLTNjo70F1W4KNHTGK8GmdgMRj0RV_8N1m4iofYm2YekmvUYOBVPZK-OEidgGHUoCXKwQWAC99t_zAf7q9C647KjregxCfwVh1Pp/s1600/Paul_Ricoeur.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" ex="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCDLbEJbPVJQEoSBd6Q8L9ELYyZ2Kh1LC5Mz7EumM2VLTNjo70F1W4KNHTGK8GmdgMRj0RV_8N1m4iofYm2YekmvUYOBVPZK-OEidgGHUoCXKwQWAC99t_zAf7q9C647KjregxCfwVh1Pp/s1600/Paul_Ricoeur.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Paul Ricoeur</td></tr>
</tbody></table> O mais contemporâneo dos três, Paul Ricoeur, foi bem sucedido na difícil tarefa de contrapor a visão fatalista da história de Nietzsche, que no século XX, foi propulsora da desconstrução da história ciência. A consciência histórica então vigente foi abalada e não se colocaram soluções até Ricoeur. Um pouco de sua tese já foi apresentada, vejamos um pouco de sua visão sobre a consciência do ser-no-tempo, ligada as categorias de Koselleck.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> O filósofo francês coloca o homem novamente na história, agente vivente, feitor e significador da mesma. Voltando a citação feita na introdução deste trabalho, Ricoeur elucida que após as concepções de Hegel, fechada em si mesma, de Nietzsche, sem ponto de partida ou de chegada numa desconstrução de certa forma inconseqüente da sociedade, poderia existir uma conciliação entre o passado e o presente. O horizonte-de-expectativa é delineado pelo espaço-da-experiência, em um ciclo hermenêutico, criador de representações construtivas das experiências vividas.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> A história tem novamente seu lugar; o homem, no presente, é “afetado pela história” <personname productid="em Ricoeur. No" w:st="on">em Ricoeur. No</personname> presente estão contidos futuro e passado. O passado foi presente, o futuro será presente. Tanto o passado quanto o futuro são construções do agora, e, quando existiram, ou passarem a existir, serão presente. Logo, é no presente que vivenciamos nossa experiência. Configuramos tal experiência como memória do agora, chamada posteriormente de passado; configuramos também nossas expectativas no agora. Tais configurações serão refiguradas, dando vida ao ciclo hermenêutico ricoeuriano e sua história aberta, inacabada, constantemente repensada. A verdade relativista de nosso tempo.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> Por fim, todos autores citados têm em comum o fato de não se distanciarem da lógica Judaico-cristã de mundo. Os três, diga-se de passagem, com formação teológica protestante. Vejamos: Hegel, um explícito cristão em suas teses; Nietzsche, ardoroso crítico da cristandade, não perde seu querer de busca pela boa sociedade, creditando ao solução ao homem e seu potencial - apesar dessa se realizar no agora, no presente, não num futuro pós apocalíptico; Ricoeur, herdeiro das concepções temporais de Sto. Agostinho, norteia sua teoria da história por concepções cristãs de mundo. Questões e serem debatidas com maior profundidade em outro momento.</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"> Esse aspecto não pode ser relegado à segundo plano para o entendimento da história da consciência ocidental, sua auto-percepção enquanto ser-no-tempo; o que fazer e como agir em relação ao outro e a si mesmo. As concepções originais ainda são as mesmas, e uma ruptura completa não pôde ser averiguada. É a tese de Ricoeur em andamento, um autor é a refiguração do outro, numa espiral hermenêutica ainda incompleta. São problemas que se colocaram desde a fundação da pratica reflexiva, e que tomam uma direção específica em fins do séc. XIX. Esses problemas <i>de</i> filosofia, nas palavras de Gadamer, é o desafio da atual historiografia, questionar os mecanismos e lógicas da história, sua função e seu poder.</div><div style="mso-element: footnote-list;"></div><div style="mso-element: footnote-list;"><br />
<hr align="left" size="1" width="33%" /><div id="ftn1" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span></span></span></a> RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Campinas: Papirus, 1994. Volume 3. p. 359</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn2" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span></span></span></a> Categorias meta-históricas(para além do estudo da história) utilizadas por Reinhart Koselleck em seu trabalho “Futuro e Passado”, as quais serão discutidas adiante.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn3" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></span></span></span></a> KOSELLECK, R. Espaço de Experiência e Horizonte de expectativa: duas categorias históricas. RJ: Contraponto/PU[C]-RJ, 2006. p. 309</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn4" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></span></span></span></a> Ibid. p. 310</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn5" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span></span></span></a> Ibid. p. 305</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn6" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></span></span></span></a> GADAMER, H[-G]. O problema da Consciência Histórica. RJ: FGV. P. 58</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn7" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm,. </span>Segunda consideração intempestiva:<b> </b>da utilidade e desvantagem da história para a vida. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003. p. 51</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn8" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></span></span></span></a> Ibid. p. 17</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn9" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[9]</span></span></span></span></a> Ibid. p. 18</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn10" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[10]</span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Ibid</span>. p. 71</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn11" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[11]</span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich,. </span>A Razão na historia:<b> </b>uma introdução geral a filosofia da historia. 2.ed. São Paulo: Centauro, 2001.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn12" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[12]</span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Ibid</span>.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn13" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[13]</span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm,. </span>Segunda consideração intempestiva:<b> </b>da utilidade e desvantagem da história para a vida. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003. p. 41</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn14" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[14]</span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Ibid</span>. p.45</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn15" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[15]</span></span></span></span></a> Referência ao fim dos tempos cristão, a glória ou presença de Deus.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn16" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[16]</span></span></span></span></a> RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Campinas: Papirus, 1994. Volume 3. p. 405</div></div></div>Augusto Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/09729513210828719451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3729193754618807469.post-31903628175786305362010-10-19T15:48:00.000-07:002010-10-19T15:52:00.873-07:00Reflexões sobre filosofia e história da história<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O movimento da história da história é constante. Ininterruptamente questionada, a historia não permanece imutável em seus métodos e em seu entendimento como matéria. Pensar como o fazer e refazer a história acontece, ou deve acontecer, é marca da filosofia da historia: uma reflexão sobre a articulação do passado, seus perigos, problemas, seus porquês e desafios.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Para a filosofia da historia vivemos um período conturbado, momento de mudanças nas estruturas do tecer histórico. Alguns sustentáculos, como o estatuto científico da historia, foram colocados em xeque; reflete-se sobre o que realmente a historia é; a historia é literatura, ciência, um pouco dos dois? O passado, um mistério, uma abstração, pode ser objeto de pesquisa cientifica? São questionamentos profundos que abalam o meio acadêmico e incomodaram mentes atentas aos problemas filosóficos e epistemológicos que se colocavam, e se colocam, nos artigos e escritos interessados em definir respostas ou mesmo nortes para tais problemas.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Primeiramente entendamos o momento em que surgem os questionamentos chave da crise do pensar histórico pós-modernista. Num contexto de pensadores estruturalistas, perseguidores de lógicas universais, estruturas guias de uma evolução dos rumos da história, surgem alguns para romper com tais idéias. Com uma lógica de pluralidade de pensamentos, entendimentos, pontos de vista, comportamentos, culturas, os chamados pós-estruturalistas se enveredam num embate intelectual para fazer frente à dureza historicista, positivista, ainda remanescente no pensar e fazer histórico.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O questionamento das fontes, que para os positivistas era como a própria historia esperando para ser encontrada e escrita, é uma de suas propostas. “Os documento históricos não são menos opacos do que os textos estudados pelo crítico literário. Tampouco é mais acessível o mundo figurado por esses documentos. Um não é mais ‘dado’ que o outro. De fato, a opacidade do mundo figurada nos documentos históricos é, se é licito falar de opacidade, aumentada pela produção das narrativas históricas.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[1]</span></span></span></span></a>As fontes devem ser destrinchadas, interpretadas, correlacionadas, elas mesmas foram frutos de interpretação, pensamento colaborador de sua lógica de pluralidade cultural, de pontos de vista, de fazeres históricos.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
Grosso modo, todo o pensamento pós-estruturalista quebra a existência de uma verdade a ser perseguida; existem verdades, várias, tantas e tão complexas quanto quem as produz, os atores sociais históricos, os seres. “A historia anda na contramão da filosofia, da ciência, da religião, e do senso comum, que procuram uma verdade fora do tempo e protegem seus resultados com enorme cuidado.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[2]</span></span></span></span></a> A história produz e reproduz verdades no tempo, não uma única, mas muitas, esse é o entendimento do fazer histórico pós-moderno.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ao quebrar o paradigma da verdade histórica os pós-estruturalistas têm em frente vários problemas: se a história não trata de encontrar uma verdade, o que ela encontra? Uma mentira? Para Hayden White as narrativas históricas são “ficções verbais”, sendo assim mais equivalentes à literatura do que com seus correspondentes nas ciências humanas. Surge a tese da história-literatura, e, por conseguinte, uma discussão intensa sobre a proposição de White; a história tem um elemento fictício e os historiadores ganhariam reconhecendo tal elemento. Os acontecimentos são neutros e o historiador apenas atribui através de uma estrutura de enredo uma verdade para um ocorrido, o objeto da dissertação. Para ele, isso “(...) serviria de antídoto eficaz para a tendência dos historiadores de apegar-se a preconceitos ideológicos (...)”; o historiador teria uma consciência maior de seu tecer histórico como relativo, assim como propõem os pós-estruturalistas. Mas a história então não fala de algo real? Os textos históricos são todos frutos de um delírio da mente de um hábil escritor romancista, cronista?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O historiador e filósofo francês Paul Ricoeur aprofunda as idéia de Hayden White, vai além de estabelecer a imaginação literária como relativista de uma verdade histórica e recoloca a história como ciência interessada em tratar das experiências vividas. Ricoeur lembra que a linguagem é hermenêutica, suscetível a interpretações diferentes; o que gera histórias, verdades diferentes além do alcance e controle dos feitores dessas histórias. Ricoeur estabelece três etapas para entender o pensar, o fazer e a recepção de uma história: primeiro se pré-configura, se vive uma experiência, uma ação, um momento ou mundo já repleto de linguagem e culturas. Após viver uma experiência se configura, se compila em forma de linguagem inteligível o acontecido, combinando o “cronológico ao lógico” elabora-se a narrativa; todas, construções não autônomas, mas sim referentes ao vivido. Ao final a narrativa é recebida por alguém, fazendo a obra acontecer, um sentido é atribuído à ela; é a reconfiguração, tendo o texto como mediador entre o leitor e a realidade, a experiência vivida do autor, revisitada pela experiência do leitor.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Fruto desse debate surge uma tese extremamente relevante do historiador e antropólogo italiano Carlo Ginzburg. Num texto tratando da evolução de um paradigma indiciário – existente na antiguidade, apagado pelo paradigma galilaico em busca de uma lógica universal, e ressurgido nos fins do séc. XIX – C. Ginzburg associa tal paradigma ao fazer histórico; o que o historiador deve entender como seu método de conformação de um passado já inexistente, intangível para averiguação.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A tese de Ginzburg é a de que assim como a psiquiatria eminente dos fins do XIX, como um Sherlock Holmes, o historiador deve ter “(...) por hábito penetrar em coisas concretas e ocultas através de elementos pouco notados ou despercebidos, dos detritos ou ‘refugos’ da nossa observação.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[3]</span></span></span></span></a> Esses elementos pouco notados são os vestígios, os indícios do que foi o passado perseguido pala imaginação do historiador. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ainda diz mais, chamando atenção a “(...) proposta de um método interpretativo centrado sobre os resíduos, sobre os dados marginais, considerados reveladores.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[4]</span></span></span></span></a> Ginzburg lança mão de uma busca específica sobre indivíduos, momentos específicos, sociedades ou grupos específicos para o entendimento detalhado e preciso dos mesmos; um olhar micro, mais detalhado para evitar as generalizações e impertinências dos estruturalistas; a chamada micro história.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Ginzburg não evita H. White, afirma que “o conhecimento histórico é indireto, indiciário, conjetural”, ou seja, uma construção á posteriori. De acordo com P. Ricoeur uma configuração de um vivido que será reconfigurado por diversos leitores devido à propriedade hermenêutica da linguagem. Além disso, Ginzburg reforça a tese de Ricour, partidário de uma história-ciência, concordando com White sobre a história como retórica. Mas lembra, “a retórica não exclui a prova”, a estruturação lingüística de algo pressupõe provas, experiências vividas como sustentação da narrativa. Os historiadores produzem uma “avaliação provada do passado”.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Muitas são as teses que instituem problemas e propõem soluções para a crise epistemológica da historia pós-estruturalista. Há um problema que está além dos limites do refletir metodológico da história, alcançando à ética, um porque ou utilidade do fazer história. A filosofia da história se ocupa de tratar também dessas questões. Pensadores como Norbert Elias, Michel Foucault, Roger Chartier, são exemplos de semeadores da auto-reflexão sobre a utilidade da história, o poder dos discursos; admoestam sobre o momento histórico o qual estamos inseridos e não damos devida atenção, ou não despertamos a consciência para observar em que nicho de pensamentos ou praticas estamos.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Para N. Elias estamos envoltos em um processo civilizador, algo que “aconteceu, de maneira geral, sem planejamento algum, mas nem por isso sem um tipo de ordem.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[5]</span></span></span></span></a> Processo esse que “constitui uma mudança na conduta e sentimentos humanos rumo a uma direção muito especifica.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[6]</span></span></span></span></a> O autocontrole, a supressão das pulsões e paixões humanas é a direção final e o próprio processo de acordo com Elias. Tal processo tem inicio nas cortes modernas francesas, a vanguarda da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">civilité</i>; é recente e tem como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">locus</i> inicial a Europa moderna, espalhando-se pelo mundo devido à extensa teia de relacionamentos criada pela expansão cultural e comercial engendrada pela Europa nesse período. A necessidade de sincronização das condutas faz a Europa exportar a civilização, gerando um movimento de tendência generalizante do processo à todos os cantões do globo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Vivemos então num mundo onde a sociedade foi conduzida por um movimento inconsciente de civilização, movimento de supressão das violências individuais. Mundo esse que entregou o monopólio da violência e desígnios de punição a uma instituição, o Estado moderno. As questões de justiça, de sociabilidade, não são mais resolvidas individuo a individuo, mas sim são delegadas ao Estado e suas instituições competentes. É um mundo onde as batalhas antes resolvidas instigadas pelos sentimentos expressos, sejam pela violência física ou verbal, agora são transportadas para o interior do individuo, que deixa a cargo de “outro”, no caso o Estado, resolve-las. Elias afirma ainda que a “‘tendência’ do movimento da civilização é em toda parte a mesma”, estamos então num mundo em processo de civilização.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Outra análise bastante pertinente é a de M. Foucault. O filósofo e historiador francês anima as discussões sobre verdade histórica, processos sociais, porquês do estudo histórico e o poder dos discursos. Voltando à discussão sobre verdade histórica, para Foucault existem regimes de verdade, momentos e locais em que uma verdade existe, mas logo deixa de existir dando lugar a outra. No intervalo das duas idéias existe uma luta, um dialogo combativo necessário e configurador de um novo regime de verdade. “Por ‘verdade’, entender um conjunto de procedimentos regulados para a produção, a lei, a repartição, a circulação e funcionamento dos enunciados. A verdade está circularmente ligada a sistemas de poder, que a produzem e apóiam, e a efeitos de poder que ela induz e que a reproduzem.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[7]</span></span></span></span></a> Existe uma continua descontinuidade na história para Foucault, e é a essa descontinuidade que ele atribui os ‘regimes’ de verdade. Esses regimes se embatem devido as constantes relações de forças, de poder a que são submetidas as questões sociais, humanas. Mas para o filosofo e historiador M. Foucault “nem a dialética (como lógica de contradição), nem a semiótica (como estrutura da comunicação) não poderiam dar conta do que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é a inteligibilidade intrínseca dos confrontos”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[8]</span></span></span></span></a>, deve-se elucidar que a “historicidade que nos domina e nos determina é belicosa e não lingüística. Relação de poder, não de sentido.”<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[9]</span></span></span></span></a> Os historiadores são aqueles que identificam os momentos de tensão, os regimes de verdade, os regimes de poder, e criam configurações discursivas sobre as verdades, que no pensamento de Foucault, não existe sem o poder.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>As teses de M. Foucault e N. Elias são de certa forma estruturalizantes, tentam englobar a historia em algum tipo de lógica para se pensar o agora, o momento histórico vivido. Roger Chartier é mais direto e trata do agora, o que ele chama de momento pós-89, após a queda do muro de Berlim, um marco do processo de falência do império soviético. Para Chartier o sonho revolucionário socialista norteou muitas mudanças sociais, mudanças estruturais, e a própria historiografia. O marxismo foi dominante no séc. XX, com suas análises reveladoras de um querer revolucionário. Após a falência soviética o Marxismo, assim como a historiografia marxista, caiu em desuso por sua suposta derrota para o projeto capitalista. O momento então é de uma ausência de sonho, de projeto alternativo, de norte para engendrar uma literatura histórica engajada pela resolução dos problemas que não findaram nas sociedades do planeta. Para Chartier vive-se a alegria do presente, e ai reside o problema: não existe algo que instigue um olhar para o passado, ele está desinteressante.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O historiador Frank Ankersmit alerta para esses problemas. A falta de projetos, direcionamentos para a historiografia pós-moderna, ou pós-89, faz a escrita histórica ser além de plural e infinita em possibilidades devido ao discurso forte dos pós-estruturalistas. Passa também a ser uma mera performance plástica para tratar de temas que atendam as necessidades de um mercado. O mercado se impõe sobre as reais necessidades da sociedade e suas problemáticas são negligenciadas devido às questões já tratadas pelo pensamento de Roger Chartier.<br />
<br />
É um momento estranho para a história. Momento de auto-reflexão e de mudanças. Auto-reflexão fruto das questões pós-estruturalistas, algumas ainda não completamente respondidas. O mundo pós-89 carece de saídas para o labirinto imposto pelo ‘regime’ de verdade vigente, se apropriando de M. Foucault. Mas a historiografia percebeu que a busca por um Deus, um lógica regente, um sentido para a história, não permite alcançar a amplitude de um passado misterioso. Ele é possível de se buscar pelos seus vestígios, indícios, complexos e reais. É o momento dos pensadores, historiadores, filósofos da historia reavaliar as intenções práticas dos usos da história e reaprenderem a enxergar o fazer historia. Enxergar o mundo de novas formas criando discursos originais, um novo mundo.<br />
</div><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;"></span><br />
<div style="mso-element: footnote-list;"><br />
<hr align="left" size="1" width="33%" /><div id="ftn1" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[1]</span></span></span></span></a> WHITE, Hayden V.. <strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Tropicos</span></strong><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">do</span></strong><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">discurso</span></strong>: ensaios sobre a critica da cultura. 2.ed. São Paulo: EDUSP.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn2" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[2]</span></span></span></span></a> REIS, José <strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Carlos</span></strong>. História & <strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">teoria</span></strong>: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade. Rio de Janeiro: FGV.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn3" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[3]</span></span></span></span></a> FREUD, Sigmund. Leonardo da Vinci e uma lembrança <strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">de</span></strong> sua infancia; O <strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Moises</span></strong><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">de</span></strong><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Michelangelo</span></strong>.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn4" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[4]</span></span></span></span></a> GINZBURG, Carlo. Mitos, <strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">emblemas</span></strong><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">, </b><strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">sinais</span></strong>: morfologia e historia. São Paulo: Companhia das Letras.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn5" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[5]</span></span></span></span></a> ELIAS, Norbert. O <strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">processo</span></strong><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">civilizador</span></strong>. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[6]</span></span></span></span></a> Ibid.</div></div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div id="ftn7" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[7]</span></span></span></span></a> FOUCAULT, Michel. <strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Microfisica</span></strong><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">do</span></strong><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">poder</span></strong>. Rio de Janeiro: GRAAL</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn8" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[8]</span></span></span></span></a> Ibib.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="ftn9" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA;">[9]</span></span></span></span></a> Ibid.</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><strong>Ver também:</strong></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Campinas: Papirus, 1994. Volume 1.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">_____________. Tempo e narrativa. Campinas: Papirus, 1994. Volume 3.</div></div></div>Augusto Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/09729513210828719451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3729193754618807469.post-14982723947836948772010-10-19T11:22:00.000-07:002010-10-21T14:52:55.556-07:00Judaismos na filosofia de Walter Benjamin<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoiw6b2BjLsTvzSXXyzVEKAJdJIJApMFBLklY5_RPSBvTxetWXR38CTdJVDxNHokZrIS98kBoY-TerFtivlaeMqje-I7hWr5-X0jo1x1tKU8aGPC0jc1HUVZo_9oolOxJMXQPiUDGdhv8v/s1600/walter-benjamin-library.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" ex="true" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoiw6b2BjLsTvzSXXyzVEKAJdJIJApMFBLklY5_RPSBvTxetWXR38CTdJVDxNHokZrIS98kBoY-TerFtivlaeMqje-I7hWr5-X0jo1x1tKU8aGPC0jc1HUVZo_9oolOxJMXQPiUDGdhv8v/s320/walter-benjamin-library.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Walter Benjamin estudando em biblioteca</td></tr>
</tbody></table>Benjamin, além da formação teológico-judaica, buscou uma formação marxista. Essa faceta benjaminiana foi a mais explorada, estudada na academia. Comentaristas do marxismo não pouparam esforços em desdobrar suas teorias em uma expressão singular, nova, do materialismo-dialético<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn1" name="_ednref1" style="mso-endnote-id: edn1;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[i]</span></span></span></span></a>. No entanto, sem anular a parcela marxiana em sua obra, seus judaísmos têm sido repensados pela historiografia recente.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A questão da linguagem benjaminiana é bastante pertinente. Sua escrita, pela forma, pelo trato, tipo de assunto, é, no que tange a teologia, enigmática. Benjamin utiliza as palavras, messiânico, messias, divino, paraíso, junto a expressões como política, história, experiência. Devido a isso, ao fato de produzir um texto de estética e assunto enigmático, sua obra é aberta. Como historiador, como filósofo, teólogo, como crítico literário, como artista, Walter Benjamin pode ser lido e decifrado<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn2" name="_ednref2" style="mso-endnote-id: edn2;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[ii]</span></span></span></span></a>. Alguns de seus escritos são como grandes aforismos, por vezes mais próximo da poesia do que da filosofia. Os aforismos dariam um bom sentido aos seus postulados, expressando de forma menos objetiva, ou seja, mais completa<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn3" name="_ednref3" style="mso-endnote-id: edn3;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[iii]</span></span></span></span></a>, o íntimo de seu intelecto por vezes complexo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Esse seu sincretismo lingüístico é explorado por Ugo Perone no artigo <em>Walter Benjamin: modernidade e revolução</em><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn4" name="_ednref4" style="mso-endnote-id: edn4;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[iv]</span></span></span></span></a>. Perone promove um esboço de mediação entre o marxismo e a filosofia judaica. O <i>tempo da revolução</i> é o que Benjamin chama de <i>tempo messiânico</i>, no qual a humanidade irá se redimir do julgo de uma história arruinada.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt;">Além da forma como Benjamin instrumentaliza a linguagem, pode-se observar a importância que o mesmo da à ela como criadora. Para efeito de exemplo, introduzo a seguinte máxima judaica: Da mesma forma que Deus cria, o homem, por Ele, foi criado para criar.<span style="color: #0070c0;"></span></div><div class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm;"><br />
</div><div class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 4cm;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 10pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Assim, na leitura benjaminiana de Gênese 2:20, a língua adâmica responde ao verbo criador de Deus quando ela dá um nome aos animais; ao reconhecer o objeto como criado, ela o conhece na sua essência imediata. Por isso os nomes adâmicos só dizem de si, isto é, já do objeto na sua plenitude. A “queda” é a perda dolorosa desta imediaticidade, perda que se manifesta, no plano lingüístico, por uma espécie de “sobredenominação” (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">uberbenennung</i>), uma mediação infinita do conhecimento que nunca chega ao seu fim.<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn5" name="_ednref5" style="mso-endnote-id: edn5;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[v]</span></span></span></span></a></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Deus, pela interpretação judaica, espera que o homem crie, melhore o mundo<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn6" name="_ednref6" style="mso-endnote-id: edn6;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[vi]</span></span></span></span></a>, pela ação, pelo dom dado ao homem na gênese do tempo divino, o dom da linguagem<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn7" name="_ednref7" style="mso-endnote-id: edn7;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[vii]</span></span></span></span></a>. A vida como foi criada é “boa”, mas não perfeita. Pelo poder criador conferido ao ser humano, ele deve aperfeiçoar esse mundo, que jaz em ruínas, segundo Benjamin. A idéia messiânica<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn8" name="_ednref8" style="mso-endnote-id: edn8;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[viii]</span></span></span></span></a>, de uma volta ao <i>éden criativo</i> – retorno a natureza adâmica e seu potencial criador – , pode ter sua origem nessa postura, essa percepção profética do fim; a consciência de que vivemos uma história arruinada, e que o <i>mashiach</i><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn9" name="_ednref9" style="mso-endnote-id: edn9;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[ix]</span></span></span></span></a>, ao chegar, em seu tempo, interrompe a história. Ele revoluciona, e, do <em>ein-sof</em><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn10" name="_ednref10" style="mso-endnote-id: edn10;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[x]</span></span></span></span></a>, erige a história novamente. Seria Benjamin um otimista, a espera do momento messiânico redentor. Poderia assim a metáfora messiânica ser objetivamente interpretada, o <i>mashiach</i> como um momento, uma expectativa de futuro<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn11" name="_ednref11" style="mso-endnote-id: edn11;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xi]</span></span></span></span></a>.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O tempo, objeto impalpável dos estudos históricos, também é tratado em sua obra. A medida teológica na sua concepção é crucial para o seu entendimento. Dialogando com Hegel, Deus é a própria história<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn12" name="_ednref12" style="mso-endnote-id: edn12;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xii]</span></span></span></span></a> em Benjamin, mas é como <em>HaShem</em><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn13" name="_ednref13" style="mso-endnote-id: edn13;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xiii]</span></span></span></span></a>: o é de forma plástica e não progressista como <personname productid="em Hegel. O" w:st="on">em Hegel. O</personname> tempo é o que foi, o que é, o que será: o passado, o presente e o futuro. Logo, dentro da esfera tradicional teológica temos uma concepção vanguardista, por seu caráter metafórico, não literal da figura do <em>Adonai</em><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn14" name="_ednref14" style="mso-endnote-id: edn14;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xiv]</span></span></span></span></a> dos judeus, como o tempo, como a história. </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Ainda na discussão sobre o tempo, no final das teses<i> Sobre o conceito de História</i>, é delineada a questão da consulta ao passado e da consulta ao futuro. Benjamin nos lembra que a <em>Torah</em><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn15" name="_ednref15" style="mso-endnote-id: edn15;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xv]</span></span></span></span></a> admoesta aos judeus a não consultarem o futuro, mas incentiva a rememoração do passado. Dessa forma, o historiador, assim como os observantes da <i>Torah, </i>deve se ocupar do passado, articulado no presente. Não deve se preocupar com o futuro, pertencente ao <i>Mashiach</i>, ao tempo certo da revolução<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn16" name="_ednref16" style="mso-endnote-id: edn16;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xvi]</span></span></span></span></a>, que para Benjamin é inevitável. Também, devido à capacidade criativa do homem, o futuro não pode ser esboçado, previsto.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Nem marxista ortodoxo, nem judeu <i>ashkenazita</i> tradicional<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn17" name="_ednref17" style="mso-endnote-id: edn17;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xvii]</span></span></span></span></a>, Benjamin era um homem de identidade fragmentada, escrevia e se expressava acerca de seu mundo, não importando a matéria; um prospecto do homem do século XXI com a alma de um <i>literato</i> da modernidade. Participe de cultura religiosa e política, a principio discordantes – judaísmo e marxismo –, tratou de aliciar uma a serviço da outra. Ora teólogo, ora historiador e político, ora “teólogo-político”, parecia ter como <em>mitzvah</em><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_edn18" name="_ednref18" style="mso-endnote-id: edn18;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xviii]</span></span></span></span></a> viver para criar a conciliação mal vista pelos acadêmicos, entre a filosofia, a política e a teologia. Conhecimentos que Walter Benjamin lograria em sua obra serem complementos necessários um do outro.</div><div style="mso-element: endnote-list;"><br />
<br />
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" /><div id="edn1" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref1" name="_edn1" style="mso-endnote-id: edn1;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[i]</span></span></span></span></a> Ver KONDER, Leandro. <span style="mso-bidi-font-size: 7.5pt;">Benjamin e o marxismo</span>. <i>Alea</i>, Dez 2003, vol.5, no.2, p.165-174.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn2" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref2" name="_edn2" style="mso-endnote-id: edn2;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[ii]</span></span></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> Ver FUNARI, Pedro Paulo. </span><span style="mso-bidi-font-size: 7.5pt;">Considerações em torno das “Teses sobre filosofia da História” de Walter Benjamin. <i>Revista Crítica Marxista</i>, Unicamp - SP, Nº 3, 1996. Disponível em: http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/3_PPFunari.pdf, acessado em 23/08/2010. </span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">), Funari observa que Benjamin se exprime “</span><span style="mso-bidi-font-size: 10.5pt;">através de recursos não acadêmicos e, até mesmo, extragramaticais, como o uso de imagens (...)” com um<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“estilo do texto, fortemente estético, entremeado de citações poéticas e pictóricas, constrói-se, também, com essa imagética, como, em particular, nas analogias e metáforas”. </span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"></span></div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn3" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref3" name="_edn3" style="mso-endnote-id: edn3;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[iii]</span></span></span></span></a> Como suas proposições são por vezes demasiadamente vagas, as possibilidades de interpretação aumentam, tornando sua obra pertinente a diversas situações, também por esse motivo.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="edn4" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref4" name="_edn4" style="mso-endnote-id: edn4;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[iv]</span></span></span></span></a><span style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> </span><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ver PERONE, Ugo. </span><i><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Walter Benjamin: Modernidade e Redenção</span></i><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">. PENZO, Giorgio; GIBELLINI, Rosino. Deus na filosofia do Século XX. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2000. p. 323.</span></div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="edn5" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref5" name="_edn5" style="mso-endnote-id: edn5;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[v]</span></span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> Ver GAGNEBIN, Jeanne Marie. </span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">História e narração <personname productid="em Walter Benjamin." w:st="on">em Walter Benjamin.</personname> 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004. p. 17-18.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn6" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref6" name="_edn6" style="mso-endnote-id: edn6;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[vi]</span></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> Ver GILLMAN, Neil. </span>Fragmentos sagrados. Comunidade Shalom.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn7" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref7" name="_edn7" style="mso-endnote-id: edn7;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[vii]</span></span></span></span></a> Gen. 2: 19,20</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="edn8" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref8" name="_edn8" style="mso-endnote-id: edn8;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[viii]</span></span></span></span></a> Introduzo aqui uma interpretação minha a respeito do entendimento de messianismo na obra de Benjamin. O <i>Mashiach</i> judaico, remete a um tempo futuro, ainda não concretizado, um tempo em que haverá um novo homem: um homem com consciência criativa, de seu papel histórico.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn9" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref9" name="_edn9" style="mso-endnote-id: edn9;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[ix]</span></span></span></span></a> Messias dos judeus, que ainda está por vir em um tempo futuro e misterioso.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn10" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref10" name="_edn10" style="mso-endnote-id: edn10;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[x]</span></span></span></span></a> O nada místico da <i>Kabbalah</i>. A partir dele surgem os 10 atributos ou emanações divinas, as 10 <i>Sefirot</i>.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn11" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref11" name="_edn11" style="mso-endnote-id: edn11;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xi]</span></span></span></span></a> Ver KOSELLECK, Reinhart; MAAS, Wilma Patricia Marzari Dinardo; PEREIRA, Carlos Almeida. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio : Contraponto, 2006.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn12" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref12" name="_edn12" style="mso-endnote-id: edn12;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xii]</span></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Ver HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich,. </span>A Razão na historia: uma introdução geral a filosofia da historia. 2. ed. São Paulo: Centauro, 2001. p. 21.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn13" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref13" name="_edn13" style="mso-endnote-id: edn13;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xiii]</span></span></span></span></a> “O Eterno”, <personname productid="em hebraico. Alem" w:st="on">em hebraico. Alem</personname> de <i>Adonai</i>, Senhor, é um dos nomes de Deus na Bíblia Hebraica. O intuito é chamar a atenção para o fato de um de <i>HaShem</i> ser um atributo temporal, o eterno: passado, presente e futuro contidos em um só ser.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn14" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref14" name="_edn14" style="mso-endnote-id: edn14;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xiv]</span></span></span></span></a> “Senhor”, <personname productid="em hebraico. Um" w:st="on">em hebraico. Um</personname> dos Nomes de Deus na Bíblia hebraica.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="edn15" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref15" name="_edn15" style="mso-endnote-id: edn15;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xv]</span></span></span></span></a> O objeto mais sagrado do judaísmo, as escrituras dadas a Moises no Sinai (pela tradição). Equivale ao Pentateuco presente na Bíblia cristã.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn16" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref16" name="_edn16" style="mso-endnote-id: edn16;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xvi]</span></span></span></span></a> Essa revolução que ocorrerá em um futuro próximo seria, nos seus termos marxianos, um inevitável movimento da história para Benjamin. Para expressar esse postulado Walter Benjamin utiliza uma metáfora messiânica, onde o messias incorpora a Revolução de Karl Marx.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div></div><div id="edn17" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref17" name="_edn17" style="mso-endnote-id: edn17;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xvii]</span></span></span></span></a> <i>Ashkenazi</i> é o judeu oriundo da Europa central; aparece em referencias em torno do século X d.c. Também é o nome dado a essa região, em hebraico medieval.</div><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div></div><div id="edn18" style="mso-element: endnote;"><div class="MsoEndnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3729193754618807469#_ednref18" name="_edn18" style="mso-endnote-id: edn18;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xviii]</span></span></span></span></a> Palavra hebraica para designar a Lei, as observâncias que um judeu deve seguir.</div></div></div>Augusto Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/09729513210828719451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3729193754618807469.post-1319791282624659882010-10-19T10:34:00.000-07:002010-10-20T15:28:31.527-07:00Histórico do liberalismo norte-americano<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLN3gohU_LhTE5S09sUCnHr-ykEUAhnUcBHE2d-JmutVSsFuTUUjyqvN93b4I2E0AmVppE_PwonW4ogtTCPm5xgrrnlfkc-lEbkX5hs_bAurpWhjqStAbpA1NEO355qTXVsBGGX7kndyvS/s1600/founding_fathers.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" ex="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLN3gohU_LhTE5S09sUCnHr-ykEUAhnUcBHE2d-JmutVSsFuTUUjyqvN93b4I2E0AmVppE_PwonW4ogtTCPm5xgrrnlfkc-lEbkX5hs_bAurpWhjqStAbpA1NEO355qTXVsBGGX7kndyvS/s320/founding_fathers.jpg" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pais Fundadores da Nação</td></tr>
</tbody></table><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Desde os “pais fundadores” do século XVII os EUA detêm um futuro delimitado; eles, os habitantes da Nova Inglaterra, acreditavam que ali, naquelas novas terras, fundariam além de um novo povoado, um novo povo. Esses pensamentos serão em grande medida fomentadores do processo de independência, e sua consolidação com as guerras civis do século XIX. Um país que prima pela liberdade, e têm um destino traçado, o destino de abrigar grandes homens, líderes, só poderá também ser grande, e um líder, acreditavam os indivíduos da Nova Inglaterra. Toda essa trajetória cria uma identidade específica para a nação americana, identidade essa que triunfará no século XX, quando a América se intitulará guardiã do mundo ocidental, e, adentrando o mundo oriental. É essa trajetória política, econômica, militar, dos EUA do século XX, que o livro “O Século Inacabado – A América desde <metricconverter productid="1900”" w:st="on">1900”</metricconverter>, organizado por William E. Leuchtenburg, trata com detalhes.</div></div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">A obra trata da história dos EUA em todos os seus aspectos, trazendo visões diversificadas e análises profundas. Tendo em vista tanto as dinâmicas internas quanto externas dos processos pelos quais o país passou, a obra, ao meu ver, prima pela política externa norte-americana, e é nesse aspecto que vou me deter. Os EUA têm sua história no século XX marcada por sua liderança internacional; essa nação cria novas regras para o jogo político mundial, colocando o então centro do mundo – a Europa – em segundo plano, e tomando seu lugar como protagonista.</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">O início do século foi duro e é analisado no primeiro capítulo do volume II por Robert. H. Ferrell. O capítulo intitulado “O Preço do Isolamento”, é uma visão dos primeiros anos da século XX até seu acontecimento mais marcante, a II Grande Guerra.</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Aqui o autor nos mostra os anos 20 do Presidente Coolidge, marcado pelo seu extremo liberalismo econômico, culminando em seu ultimo ano de mandato, 1929, numa crise em escala mundial, com o chamado “crack” da bolsa de Nova Iorque.<br />
<br />
</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUsWhmFvFdVxHUZWZwCxvmxOJ_pjiJ9qHCz2IUHaraofxyTBx3p0encxnGI9jQT2fRx23Y4v2u5X03lT0mFxsJUUPpTxmesFwxPlutPQw5BpQjyExIWZSoAlq7rI_X4cJa0PvW14JshnYZ/s1600/crash.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUsWhmFvFdVxHUZWZwCxvmxOJ_pjiJ9qHCz2IUHaraofxyTBx3p0encxnGI9jQT2fRx23Y4v2u5X03lT0mFxsJUUPpTxmesFwxPlutPQw5BpQjyExIWZSoAlq7rI_X4cJa0PvW14JshnYZ/s1600/crash.jpg" /></a>Os anos de recessão que se seguiram foram difíceis. As exportações, que em 1920 marcavam os U$ 8.664 milhões, chegaram a U$ 2.300 milhões em 1935. Essas foram as conseqüências da crise de especulação gerada por um complexo de problemas, mas que a política liberal de Coolidge contribuiu em grande escala. Mas tal acontecimento mostra que já nesse momento os EUA desempenham um papel central na direção dos mercados que começam a se integrar e criar o que virão a chamar de economia de mercado mundial.</div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Os anos 1930 foram aqueles que sofreram as conseqüências dos excessos do início do século, a chamada Depressão. Políticas econômicas tentavam barrar a convulsão de problemas gerados pelo seu estopim, a queda da bolsa de Nova Iorque, e a política externa norte-americana ficou de certa forma paralisada. Mas para R. H. Ferrell a crise econômica ajudou a resolver uma questão ainda remanescente da I Grande Guerra, a charada das dívidas e reparações de guerra.</div></div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Após muito esforço as economias se reerguem, e o mundo se depara com novas questões e problemas, a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha. O presidente em exercício desde 1933, Franklin Delano Roosevelt, foi o encarregado de tratar essas questões. Para Ferrell, Hitler é um novo Átila, e o EUA aquele de tem o dever de freá-lo. E, segundo Ferrel, é o que faz; em suas frentes do Pacífico e do Atlântico, chegam triunfais até Berlim, destronando este Átila alemão e erigindo um novo império, o norte-americano. Os números de exportação mudam: os singelos U$ 2.300 milhões de 1935, passam para U$ 10.100 milhões em 1945. O EUA exporta para o mundo.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2ZSNt4FO9sczKYwtGH3A8FLOJsce9NQyuwgFks7agFxy-XM8sntgqNrCCkCcYbU08cMdCx26WS4N2ISrLpVN43CQvQAjw4phPM_1n7c3IbdesR6wOJkE0tu6XuHX0W_-WTWtpaQaUoDw0/s1600/america_ww2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2ZSNt4FO9sczKYwtGH3A8FLOJsce9NQyuwgFks7agFxy-XM8sntgqNrCCkCcYbU08cMdCx26WS4N2ISrLpVN43CQvQAjw4phPM_1n7c3IbdesR6wOJkE0tu6XuHX0W_-WTWtpaQaUoDw0/s320/america_ww2.jpg" width="320" /></a></div></div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Roosevelt é um presidente com grande habilidade diplomática e senhor de um bom senso raro. É ele quem reconhece a URSS como nação, algo que os presidentes anteriores ignoraram, e reconhece sua grandeza, em especial após a II Grande Guerra.</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Após a guerra, novas questões se colocam, e os EUA tomam frente na conformação dessa nova sociedade oriunda dos suplícios dos anos de guerra. Essa análise é feita por David F. Task, em seu capítulo de nome “A República Imperial”. Em abril de 1945, <personname productid="em São Francisco" w:st="on">em São Francisco</personname>, é reunida uma conferência de nações com o intuito de redigir a carta constitutiva de uma agência de segurança global: a Organização das Nações Unidas. O fato de sua sede ser <personname productid="em Nova Iorque" w:st="on">em Nova Iorque</personname> é sintomático dos planos Americanos para o mundo. O Kremlim não via nada na organização que parecia garantir o futuro da URSS. Os EUA então se conformam, ou se impõem, como potência chave para organizar o mundo liberal.</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">As décadas do pós-guerra são complexas, e a chamada Guerra Fria é uma constante; são guerras veladas em nome de outros – o Vietnã é um exemplo. Não só explicitamente, mas presente no dia-a-dia de todos, a Guerra Fria – esse entrave político entre comunistas e capitalistas liberais – é conformador de uma geração conflitante. Os movimentos sociais de toda sorte, tendo como palco os EUA, são exemplos de como a sociedade do pós-guerra passou a refletir e repensar tradições; passou então a configurar novas idéias e visões de mundo. Muitas tradições remanescentes não cabiam mais num mundo em que os direitos humanos gritavam. A emancipação feminina, dos negros, são exemplos de lutas do contexto dos filhos da II Grande Guerra. Esses são os precursores de um novo dia, aqueles que lutaram pela efetivação das liberdades tão caras ao imaginário norte-americano. Tais questões foram abordadas por William E. Leuchtenburg, em seus capítulos “A Cultura de Consumo e a Guerra Fria” e “As Dores de Parto do Liberalismo”.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpIu8GRQIdRa9hbQL1sQJ8Bfd69QmPEoUPYxxo5xfMyK3NtOVQ1jxLdHJz68Hw78dlavo2G8q4Riq0O5jQnBKOs0DhbYNW7IT8Jbe_u4kzhObRh6obFef_T7dUPkIrfwTQhTu21MO0rgga/s1600/yeswecan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpIu8GRQIdRa9hbQL1sQJ8Bfd69QmPEoUPYxxo5xfMyK3NtOVQ1jxLdHJz68Hw78dlavo2G8q4Riq0O5jQnBKOs0DhbYNW7IT8Jbe_u4kzhObRh6obFef_T7dUPkIrfwTQhTu21MO0rgga/s320/yeswecan.jpg" width="209" /></a></div></div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">A economia de mercado se impõe, a cultura do consumo é exportada e o American Way of Life é refletido para todos os cantões do mundo. Mas nas palavras do autor, esse triunfo foi como um parto. Foram processos difíceis, “distúrbios que quase destruíram” o mundo que se conhecia, e culminou no erigir de uma nação como o mundo contemporâneo ainda não havia vislumbrado. Os moldes políticos norte-americanos são exportados e eles extrapolam até os limites terrestres, dominam os astros, chegam a Lua em 1969. Contudo todo esse discurso é claramente recheado de um nacionalismo exacerbado, presente em toda a obra. Em alguns trechos de forma declarada. Os autores supracitados estão convictos de que os EUA cumprem um papel quase providencial de líder mundial, demonstrando sua superioridade e controle sobre o globo como prova disso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><img height="96" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUsWhmFvFdVxHUZWZwCxvmxOJ_pjiJ9qHCz2IUHaraofxyTBx3p0encxnGI9jQT2fRx23Y4v2u5X03lT0mFxsJUUPpTxmesFwxPlutPQw5BpQjyExIWZSoAlq7rI_X4cJa0PvW14JshnYZ/s1600/crash.jpg" style="filter: alpha(opacity=30); left: 138px; mozopacity: 0.3; opacity: 0.3; position: absolute; top: 1121px; visibility: hidden;" width="71" /><img height="96" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUsWhmFvFdVxHUZWZwCxvmxOJ_pjiJ9qHCz2IUHaraofxyTBx3p0encxnGI9jQT2fRx23Y4v2u5X03lT0mFxsJUUPpTxmesFwxPlutPQw5BpQjyExIWZSoAlq7rI_X4cJa0PvW14JshnYZ/s1600/crash.jpg" style="filter: alpha(opacity=30); left: 212px; mozopacity: 0.3; opacity: 0.3; position: absolute; top: 948px; visibility: hidden;" width="71" />Augusto Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/09729513210828719451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3729193754618807469.post-27331821149277775362010-10-18T12:44:00.000-07:002010-12-20T13:58:40.724-08:00Sir. Isaac Newton - Entre a ciência e a teologia<div style="text-align: justify;"><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: black;"></span> <span style="color: black;">Algo que sempre me intrigou é o desenvolvimento da moderna ciência e sua relação com a teologia. De fato, ao se analisar o surgimento da ciência moderna européia, é simples observar que seus mais bem sucedidos apostolos, nos vários âmbitos do conhecimento - humanidades, ciências matemáticas, história natural -, são orindos das camadas intelectualizadas das igrejas Católica, Anglicana, Luterana e demais. Isso é simplificadamente explicado pelo monopólio que essas instituições exerceram sobre o conhecimento, secular e teológico, até a modernidade. Os depósitos desse conhecimento, as bibliotecas, e seus códigos de interpretação, eram de pertencimento e uso exclusivo dos membros dessas instituições poderosíssimas.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2T_Nax05HzxiHyZAll6vK_Mhv-4qn6glmxBq2quL2UxoCYgfYhdKWgyUwMHUuZ8DX9qGzsdLvpnQc1jOndCNt3OLrcAXjHZVQ6BOcXtLgOmnqEx486YqogFT7Jz2TyAPhfiGVLwJTdxSW/s1600/newton.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2T_Nax05HzxiHyZAll6vK_Mhv-4qn6glmxBq2quL2UxoCYgfYhdKWgyUwMHUuZ8DX9qGzsdLvpnQc1jOndCNt3OLrcAXjHZVQ6BOcXtLgOmnqEx486YqogFT7Jz2TyAPhfiGVLwJTdxSW/s320/newton.jpg" width="233" /></a><span style="color: black;">Visto isso, uma relação lógica entre a produção de conhecimento científico e quem são seus agentes produtores é estabelecida; são esses membros do próprio corpo eclesiástico ou algus poucos com acesso a essas bibliotecas e ao estudo dos códigos de interpretação, em especial o latim - grosso modo, lingua oficial do registro escrito na cristandade europeia, do império Romano até meados do séc. XIX.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black;">Como estudante de graduação no curso de História, frequentador de cursos livres de Teologia Judaica e Cristã, curioso a respeito das relações estabelecidas pela religião historicamente e contemporaneamente, minhas inquietações sobre as relações entre os saberes teológicos e científicos aguçaram ao perceber o processo supracitado. Nesse sentido, uma de minhas buscas mais interessantes foi a respeito de Sir. Isaac Newton, esse inglês que influenciou de forma incontestável a forma de se fazer ciência, logo, a totalidade da sociedade dita moderna e contemporânea. Conhecido por todos como um dos <em>pais fundadores</em> da ciência moderna, observamos sua teoria da gravitação universal como a obra prima de sua vida. O livro "Princípios Matemáticos da Filosofia Natural", onde expõe suas mais bem acabadas conclusões a respeito de uma lógica física e matemática balisadora dos movimentos dos astros e corpos materiais existentes <personname productid="em nosso Universo" w:st="on">em nosso Universo</personname>, é, por poucos conhecida, como uma obra teológica, mas sim uma obra de ciência pura. Não afirmo aqui sua exclusividade teológica, mas sua parcela. Newton não apenas era um estudioso das ciências naturais, tão discutidas na <em>Royal Society</em>, mas também um entusiasta dos estudos de algo poderoso em seu tempo, as "verdades" da teologia.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgNDS5229EN-E4YHRrHlDfjwbR15ukwRSwFSnr3ip-FI8taBtPMav-GqLfsr9UO4hMVWut-esUWhwHtGcClmi4pTTYBgqQgYpmO0dhfVqkmiS9p_FZhiU9d3vHPp5dadqoji03a7RLAtPi/s1600/400px-Observations_upon_the_Prophecies_of_Daniel.png" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" ex="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgNDS5229EN-E4YHRrHlDfjwbR15ukwRSwFSnr3ip-FI8taBtPMav-GqLfsr9UO4hMVWut-esUWhwHtGcClmi4pTTYBgqQgYpmO0dhfVqkmiS9p_FZhiU9d3vHPp5dadqoji03a7RLAtPi/s320/400px-Observations_upon_the_Prophecies_of_Daniel.png" width="194" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa de livro de estudo sobre as profecias<br />
de Daniel; autoria de Sir. Isaac Newton.</td></tr>
</tbody></table><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: black;">Fluente em latim, grego e hebraico antigo, dono de uma vasta biblioteca que abarcava um grande número de obras de cunho teológico, dedicou-se em grande medida ao estudo dessa matéria. Em busca de um verdadeiro cristianismo, purificado das corrupções de tradução e interpretação cometidos pela tempo, Newton era um apologista de um cristianismo à sua própria maneira. Como assinalado acima, Issac Newton, curioso e imbuído de espírito investigador, teria estabelecido estudos científicos, essa busca por uma lógica Universal nos movimentos dos corpos materias, com o propósito de elucidar, com uma linguagem científica, a existência e forma de atuação de Deus. Essa conclusão a priori rasa ou infundada pode ser averiguada no próprio <em>Principia</em>, onde Newton expõe em um pequeno capítulo suas motivações em estudar a lógica regente do Universo.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black;">É claro que a forma cartesiana, empírica de se fazer uma investigação sobre algum problema está presente <personname productid="em Newton. Afinal" w:st="on">em Newton. Afinal</personname>, ele é fruto dessa geração que reinterpretou os clássicos da filosofia antiga, dos gregos e romanos, mediados pelas escolas de tradutores de origem árabe, como a de <em>Toledo</em>. Porém, talvez para não macular esse baluarte da ciência moderna com os princípios "irracionais e sujos" da teologia, sua parcela de motivação teológica não é lembrada, é esquecida.</span></div></div><div style="text-align: justify;"><br />
<strong>Para ver mais:</strong> <a href="http://www.newtonproject.sussex.ac.uk/prism.php?id=1">http://www.newtonproject.sussex.ac.uk/prism.php?id=1</a> (Newton Project - Projeto da Universidade de Sussex, Inglaterra. Esse projeto almeja a publicação on-line de textos conhecidos e não conhecidos de Isaac Newton. Dentre os não conhecidos se encontram um número imenso de obras de teologia, corroborando com a tese de suas motivações teológicas nas investigações acerca do Universo e sua lógica matemática)</div>Augusto Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/09729513210828719451noreply@blogger.com0